quarta-feira, 27 de maio de 2020

No lance imprevisto


              Os guerreiros se preparam para a grande luta.

            A frase acima ficou famosa em nossas igrejas em razão do hino número 212 da Harpa Cristã. Um hino que nos traz muitas reflexões, mas, afinal, quem são os guerreiros? Estão se preparando para o que? Na palavra dessa semana, vamos meditar e nos inspirar na letra dessa canção, adaptada para o português por Paulo Leivas Macalão. 

             O hino não deixa dúvidas, os guerreiros são todos aqueles que desejarem fazer parte do exército de Cristo, aqueles que, ouvindo o chamado do Senhor, se colocaram à disposição e, com boa vontade, entraram nessa luta. E nossa esperança de vitória não está em nossa própria força, mas sim na força Daquele que nos guiará: É Jesus, o capitão, que avante os levará. A milícia dos remidos marcha impoluta, certa que a vitória alcançará. A preparação para essa grande luta envolve oração, jejum, dedicação e prontidão, para que, quando ela chegar, os bons soldados estejam preparados. Impoluta significa pura, sem poluição, mantendo sempre seu processo diário de santificação, pois a milícia dos remidos é a igreja "gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:27). Assim, teremos a certeza de que a vitória alcançaremos! 

  Infelizmente, vemos muitos crentes covardes, tímidos, fracos, que na primeira situação de luta, mesmo pequena, já pensam em abandonar tudo e se entregam às suas fraquezas. Um cristão genuíno não pode vacilar, tem que seguir firme e, ainda que caia, deve se levantar e continuar a marchar, preparando-se para essa grande luta, para a qual Jesus, o Capitão, avante o levará. "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Efésios 6:10).

 O anseio dos soldados tem que ser o de estar com Cristo, onde a luta se travar, não somente nas situações boas, mas também nas adversidades, pois um bom soldado não foge à luta, nem escolhe onde lutar, ele apenas obedece à ordem do Capitão! 

 No lance imprevisto, devemos estar na frente, e não escondidos atrás de nossos problemas, de nossas "coisas particulares". Lance imprevisto é a adversidade que nos pega de surpresa e, por mais que nos deixe abatidos, desanimados, e muitas vezes sem forças, devemos nos levantar e seguir em frente. O lance imprevisto é o grande teste na vida do cristão, pois é nessa situação que Deus vê quem são os verdadeiros guerreiros e soldados. Esse é o momento em que recebemos o "atestado de fidelidade a Deus", pois se suportarmos o lance imprevisto, estaremos aptos a ver Cristo na Glória. "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal" (2 Coríntios 4:8-11). 

 Um bom soldado tem que se alegrar da vitória, note que é se alegrar DA vitória e não NA vitória. Se alegrar da vitória é estar contente com a certeza que, mesmo que pareça distante, a vitória é certa. Ainda que a situação seja contrária e as lutas aumentem, a vitória chegará no tempo oportuno, e o tempo oportuno é o kayrós (tempo de Deus) e não o chronos (tempo humano). E é no kayrós que Deus irá nos coroar.

          Os batalhões de Cristo prosseguem sempre avante, e aquele que "não os vês com que valor combatem contra o mal" e continua "dormindo, vacilante, quando atacam outros a Belial", perderá a luta, pois o guerreiro do Senhor "sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo e ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" (II Timóteo 2:3,4). Essa é uma chamada aos cristãos que desejam ser guerreiros e soldados vitoriosos, dá-te pressa, não vaciles, hoje Deus te chama para vires pelejar ao lado do Senhor. Entra na batalha onde mais o fogo inflama e peleja contra o vil tentador! 

 A peleja é tremenda, torna-se renhida, isto é, cruel e sangrenta, pois muitos perdem suas vidas nessa luta, por amor a Cristo, por isso são poucos os soldados para batalhar. Muitos querem estar no exército apenas pelo status, mas não querem lutar! Estar no Exército de Cristo não é ter um cargo, não é simplesmente cantar, tocar, pregar... estar no Exército de Cristo é pregar o Evangelho mesmo que isso custe a sua vida. 

        No próximo sábado, estaremos comemorando o Dia da Evangelização Global, e convido a todos os soldados de Cristo que saiam para batalhar e anunciem as boas novas de salvação! Clamemos ao Senhor: "Ó vem libertar as pobres almas oprimidas, de quem furioso, as quer tragar!". 

Maranata!

Por Diego Rodrigo Souza.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Crescendo como Cristo


    

Quem, visitando a Palestina, percorrer a região que outrora se chamava Baixa-Galileia, encontrará uma cidadezinha de cerca de 30 mil habitantes que tem o nome de En-Nazirah. Terra natal de José e Maria, sítio da Anunciação, residência de Jesus por 28 anos, lugar onde começou a ensinar sua doutrina. Encontra-se ali a Fonte da Virgem, suposto local onde, segundo a tradição, recebeu Maria a saudação do anjo.  

Jesus em Nazaré 

Embora os Evangelhos façam poucas referências ao período de cerca de 28 anos que Jesus passou em Nazaré, não é difícil recompor traços da sua vida nessa época. Nos lares hebreus daqueles dias, recebiam as crianças aprimorada educação religiosa. As mães é que cuidavam da instrução dos filhos até que eles chegassem a idade de trabalhar. Então os pais lhes ensinavam ofícios. 

De Nazaré sairá alguma coisa boa? 

Jesus possuía a arte de descobrir as oportunidades que a vida oferece. Falava-se muito mal de Nazaré. O povo daquela região era criticado até por não saberem pronunciarem bem a língua do país. Contavam-se anedotas muito chistosas para mostrar até que ponto a pronúncia dessa gente era defeituosa. Havia mesmo, muito vulgarizada, a expressão: "de Nazaré sairá coisa que boa seja?"... Até mesmo Natanael chegou a dizer: "De Nazaré pode sair alguma coisa boa?" (João 1:46). - Sim, saiu o NOSSO SENHOR JESUS.

O desenvolvimento de Jesus Cristo

Foi integral o Seu desenvolvimento. O evangelista Lucas diz, referindo-se a época em que Jesus morou em Nazaré: "E crescia Jesus em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc 2:52). Por aí se vê que Jesus cultivava a inteligência (crescia em sabedoria), o físico (crescia em estatura) e a vida religiosa (crescia em graça). Muitas vezes a educação atual não é assim completa. Há quem só cuida do físico e deixa de lado o cultivo da inteligência. Há os que cultivam a inteligência e o físico, mas deixam de lado a vida espiritual. Só pode dizer que possui educação integral quem cuida dela em todos os três aspectos, como fazia Jesus.

            Entre Doutores 

O longo silêncio que na vida de Jesus corresponde ao período que Ele passou em Nazaré se interrompe com a narrativa de sua visita a Jerusalém. Jesus disse que ficara no Templo para tratar dos negócios do Pai. Quer com isto dizer que desde criança Ele sabia muito bem qual a sua missão na terra. Essa é uma das condições do sucesso na vida. Alguns dos grandes homens que a humanidade reverencia escolheram muito cedo a sua vocação.

            O exemplo de Cristo 

Há pessoas que nunca se especializam em coisa alguma, depois, quando querem se empregar, apresentam-se alegando que sabem fazer tudo, mas a experiência demonstra que é muito difícil arranjar emprego para quem pensa que entende de tudo, mas nunca teve profissão definida. É bom lembrar que o "programa" traçado por Jesus não era vago e confuso. Tinha tempo bem determinado para cada uma das tarefas a serem executadas. Foi também por isso que algumas vezes, explicando porque é que deixava de agir em certos casos, dizia Ele: "não é chegada a hora". O plano da vida de Jesus era tão exato que tinha até horas marcadas para determinadas ações.


Por Adonias Roque de Souza.
Semente Apostólica 29/12/1996

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Prega a palavra


“Pois a nossa exortação não tem origem no pecado nem tampouco em motivos impuros, muito menos temos qualquer intenção de vos enganar; pelo contrário, visto que somos homens de Deus, aprovados por Ele para nos confiar seu Evangelho, não pregamos para agradar pessoas, mas sim a Deus, que prova o nosso coração. A verdade é que jamais nos utilizamos de linguagem bajuladora, como bem sabeis, nem de artimanhas gananciosas. Deus é testemunha desta verdade.” (I Ts. 2:3-5, KJA)

Se precisássemos definir qual é a mensagem do Evangelho, como o faríamos? O que é esse Evangelho em que cremos e que nos foi confiado pregar sem bajulações ou artimanhas?

"Cremos que o Senhor Jesus Cristo, sendo o eterno Filho de Deus, movido de compaixão pela sorte da nossa raça, fez-se filho da virgem Maria, verdadeiro homem pelo poder de Deus, para se tornar o único Redentor e Salvador dos homens; que Ele cumpriu os preceitos da lei divina pela Sua vida imaculada e, na hora da morte na cruz, deu uma satisfação completa pelos pecados de seu povo; que ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, em sinal de estar satisfeita a justiça divina e que, tendo subido ao céu, alcançou por sua intervenção o salvamento dos que nEle crêem"1.

O Evangelho é a boa notícia de que Deus nos salvou, através do seu Filho eternamente amado. Pela ação e presença do Espírito Santo que nos convence e nos transforma, vemos nossa situação mudar após esse precioso encontro com Cristo. A história da Igreja é composta pela história de homens e mulheres comuns que se tornaram grandes homens e mulheres de Deus, agentes de profunda transformação social e espiritual. O que dizer de Martinho Lutero, Catarina Zell, Charles Spurgeon e tantos outros?
            
           No entanto, nos últimos anos temos visto uma alarmante mudança no meio cristão, por meio da qual muitas igrejas passam meses sem testemunhar uma única conversão. Não é incomum ver pessoas que “levantam a mão”, mas continuam da mesma forma que andavam antes. Por quê?

“Porquanto trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram objetos e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém!” (Rm. 1:25, KJA)
           
          Charles Finney, em seu sermão A conversão verdadeira e a falsa, diz que a diferença de um verdadeiro convertido para um falso não é percebida meramente por suas ações, mas por seus objetivos. Segundo ele, “O que é egoísta coloca sua própria felicidade e busca seu próprio bem porque é seu. De modo egoísta coloca sua própria felicidade por cima de outros interesses de maior valor; tais como a glória de Deus e o bem do universo”.
           
            A busca pela felicidade é um dos fatores que o mundo tem utilizado como forma de perverter a verdade de Deus. Quantos de nós já não ouvimos a máxima “Nada é errado se te faz feliz”? E, para desobrigar a consciência, quantos não utilizam o versículo “Deus é amor” com intenções próprias? Permita-me que eu o lembre: “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho.” (Mt. 7:13, KJA)
            
           A verdade é que a mensagem da salvação só faz sentido na medida em que o ser humano se encontra em perigo, precisando de resgate. Quem é salvo é salvo de algo ou de alguém. E do que precisamos ser salvos?
           
“Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer. Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.” (Lc. 12:4-5, KJA)

E, ao contrário do que pode parecer, esse texto não fala do adversário das nossas almas, mas do próprio Deus. Deus é quem pode nos condenar, e precisamos ser salvos de sua ira e passar para o seu reino de amor.

“Entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).” (Ef. 2:3-5, ARC)

Temos o costume de dizer que precisamos ser salvos da condenação do inferno, resgatados dos nossos próprios desejos pecaminosos e isso tudo é verdade. Mas nada suaviza o fato de que precisamos ser salvos da ira de Deus. Porque, afinal de contas, é a Ele que nossos pecados ofendem e é Ele quem pode nos lançar no inferno.

Então a mensagem de que Deus é amor precisa necessariamente ser acompanhada da mensagem de que Deus também é fogo consumidor, pois se não entendermos do que precisamos ser salvos, não seremos salvos. Não é a toa que João 16:8 diz que o Espírito Santo convence o mundo “do pecado, da justiça e do juízo”.

Jonathan Edwards, em seu famoso sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado, afirma que “os não convertidos andam sobre o abismo do inferno em uma superfície podre, e há inúmeros lugares nela que são frágeis e não suportarão seus pesos, e estes lugares não são percebidos. As flechas da morte voam invisíveis ao meio dia, a vista mais acurada não as vê. Deus tem tão diferentes e insondáveis meios de tirar os ímpios do mundo e mandá-los ao inferno, que não há nada que faça crer que necessite de um milagre, ou que precise sair do curso ordinário de Sua providência para destruir um ímpio no momento em que desejar”.

A mensagem da condenação pela ira não significa que Deus seja mau. II Pedro 3:9 afirma que Deus “é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”, mas a igreja não pode ignorar o fato de que já existe uma condenação pairando sobre a cabeça dos ímpios, afinal, o próprio Jesus disse, em João 3:18, que “quem não crê já está condenado”.

A mensagem genuína do Evangelho se encontra no equilíbrio dos atributos de Deus. Deus é amor, mas também é justiça. Deus é Santo, mas também é misericordioso. Deus é soberano, mas se relaciona com a sua criação. O mesmo Jesus que diz “amigo” também diz “raça de víboras”.

Quando separamos um atributo divino do seu contexto bíblico, pregamos um Deus que não corresponde ao Deus da Bíblia. Então, sim, devemos pregar bondade, mansidão e esperança. Mas não podemos nos esquecer da justiça, da ira e do juízo.

As músicas que cantamos e as mensagens que pregamos não devem colocar o homem em uma posição diferente da que ele está. A igreja precisa agir com a responsabilidade de quem sabe que recebeu a confiança de Deus para a pregação de Seu Evangelho. Omitir a verdade do pecador só faz com que ele permaneça com a condenação sobre sua cabeça. Portanto, amá-lo é não desistir de conduzi-lo ao Caminho, à Verdade e à Vida.

“Prega a Palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e encoraja com toda paciência e sã doutrina.” (II Tm. 4:2, KJA)

Citação: 
1 Perguntas de profissão do Batismo, Manual do Culto da Igreja Apostólica Cristã – Pr. Adonias Roque de Souza,1962.

Por Josy Pereira Negrin.