quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Então é Natal...


 Uma famosa música brasileira começa com a seguinte frase "Então é Natal, e o que você fez?". Essa pergunta soa ainda mais conveniente, devido a tudo o que vivenciamos em 2020.

 Então é Natal, e o que você fez?

 Iniciamos o ano com planejamentos, metas, e vimos quase tudo ruir, devido a pandemia do Covid-19. Igrejas esvaziaram, pessoas enfraqueceram, a fé de muitos se esfriou, e o ano passou.

 O que aprendemos até aqui? 

 "O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR" (Pv 16:1).

 O ano de 2020 mostrou ainda mais claramente que só Deus tem o controle de tudo, só Ele estabelece propósitos e os desfaz, e toda a natureza está sujeita a Ele. Nada foge do Seu controle, e precisamos ter nossa esperança e nossos propósitos estabelecidos Nele.

 O que fizemos ao longo do ano? Buscamos mais a comunhão com Deus? Depositamos Nele a nossa fé? Ou será que sucumbimos a todo cenário triste e caótico que nos cercou? Um soldado de Cristo permanece firme mesmo em meio a tanta adversidade.

 Então é Natal. Data em que comemoramos simbolicamente o nascimento de Cristo. Neste dia voltamos nossa atenção a Jesus, ao seu ministério, sua missão. 

 Esse Natal é diferente, pois chegamos aqui sem a alegria tradicional que cerca a data, refletindo sobre tudo o que aconteceu, sobre quantas pessoas morreram, quantos propósitos destruídos. Mas convido o amado leitor a pensar um pouco sobre essa data.

 Sabemos que, historicamente, Jesus não nasceu em 25 de dezembro, e essa é só uma data simbólica. 

 Mas o que representa o nascimento do Salvador?

 Representa a esperança de dias melhores. Ele veio ao mundo para nos dar um futuro glorioso, nos tornando filhos de Deus (Jo 1:12), e como filhos, temos a esperança de que o Pai nos ajuda e nos consola em todas as situações (II Co 1:3-5).

 Representa a certeza de que não estamos lutando sozinhos, mas Cristo está conosco, e não nos deixa órfãos (Jo 14:18-20).

 Representa os planos perfeitos de Deus (Mq 5:2). Cristo veio no tempo oportuno, determinado pelo Pai. Devemos confiar que tudo está nas mãos do Soberano Pai.

 Representa a nossa vitória sobre a morte, pois Aquele que veio ao mundo nos salvar, nos livrou da maldição da morte (Jo 11:25,26), e nos deu a vida eterna.

"Mas o que se comemora tanto no Natal? 
Será que só nesse dia lembramos que Ele é real? 
Que presente neste dia a Ele você daria?"
(Ser ou não ser / Banda Kadosh)

 Não é apenas em uma dia no ano que devemos lembrar a razão de Jesus ter nascido. Precisamos meditar em Sua missão durante todo o ano. O nascimento de Cristo desfez as obras do maligno, nos deu esperanças de uma vida abundante (Jo 10:10), nos deu um futuro promissor... 

 Adoramos e glorificamos ao Senhor, que abriu mão de sua glória para que nós, mesmo pecadores, tivéssemos chances de alcançar a salvação. 

 Não temamos mais o mal que o mundo pode nos fazer, não nos desesperemos com a situação que nos cerca, mas confiemos no Salvador, que nos ampara e protege.

 "Nos teus braços não importa o tempo
Só existe o momento de sonhar
E o medo que está sempre à porta
Quando estou com você
Ele não pode entrar"
(O Tempo / Oficina G3).

 Aproveite este dia para lembrar que Jesus veio ao mundo para nos salvar, consolar, ajudar, e que, mesmo em meio a doenças e adversidades, Ele não nos abandona. Tenhamos nossa fé renovada na esperança de um dia encontrá-lO.

 Então é Natal, adore e agradeça a Deus pelo nascimento de Jesus.

 Por Diego Rodrigo Souza.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A igreja e o voto

Semana de eleições e começamos a ouvir os mesmos discursos de sempre, que afirmam que nós, cristãos, não devemos votar nulo, em branco, ou em candidatos da esquerda, pois isso é errado perante Deus. 

Nesse texto tentarei explicar a importância do voto, e fazer a devida separação entre os deveres seculares e os deveres cristãos. Tenhamos em mente que o Estado é laico, e nas eleições estaremos elegendo representantes de todo o povo, e não apenas representantes da igreja. 

O voto é o maior símbolo da democracia, e temos que levar a sério o ato de escolher um candidato, pois isso pode decidir o futuro de nossa sociedade. Devemos analisar racionalmente e usar nossos filtros morais para escolher. Não precisamos exercer nossa fé para escolher um candidato, mas devemos exercitar nossa fé, orando e intercedendo, para que os nossos representantes sejam guiados por Deus para ajudar a combater as desigualdades que assolam nosso país.

O voto não é um ato de fé, não é ato profético (expressão que sequer existe na Bíblia), é apenas uma decisão que precisamos tomar, mediante uma série de fatores seculares. Por exemplo, se um candidato evangélico é reconhecidamente corrupto, não precisamos usar nossa fé, mas apenas analisar o fato dele ser corrupto, e não votar nele.

A escolha deve ser racional, meticulosa, bem fundamentada em fatos concretos, e jamais deverá ser baseada puramente na fé e na esperança. 

Campanha eleitoral na igreja é crime: 

Pastores e líderes precisam pregar o Evangelho, e jamais fazer campanha de candidatos dentro dos templos, embora eles possam, como cidadãos, manifestar apoio a algum candidato fora do templo. Muitos se preocupam em obrigar os cristãos a votarem em determinados candidatos, e caem no erro de cometerem crime eleitoral, fazendo campanha e propaganda nas igrejas, o que é proibido pela Lei 9.504/97 

Não é só permitir que um político faça campanha dentro da igreja, mas também permitir que qualquer membro ou líder use o púlpito para defender este ou aquele candidato. O púlpito da igreja é para anunciar o Evangelho!

Voto branco ou nulo: 

A Palavra de Deus nos mostra que, mesmo sendo cidadãos do Reino, temos obrigações aqui neste mundo também, como cidadãos brasileiros, pois temos, por enquanto, dupla cidadania (do Reino e do mundo, neste caso, brasileiros). Jesus deixou isso claro quando afirmou: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". (Lc 20:25).

Analisando a questão da dupla cidadania, podemos concluir que temos deveres diante de Deus e da Nação, sendo um desses deveres à Nação, o voto. Logo, participar do processo eleitoral é um dever do cristão. Mas esse dever se refere ao ato de participar de alguma forma, e não em quem ou em quê você vai votar. 

Se devemos cumprir nossas obrigações, e votar é uma delas, temos o direito de escolher qualquer opção que a Justiça Eleitoral nos dá, e o direito de anular ou votar em branco faz parte disso.  

Em alguns casos, até mesmo deixar de votar e justificar a ausência, desde que seja por motivos verdadeiros, é uma opção que temos diante da Justiça.

Obedecemos a Lei de Deus e, depois, as leis dos homens. Se a lei dos homens nos garante o direito de votar nulo e a Lei de Deus nada fala especificamente sobre isso, não cabe a igreja obrigar as membros a votarem em algum candidato.  

Não estou incentivando o voto nulo ou branco, mas estou defendendo o direito ao voto que, infelizmente, alguns líderes eclesiásticos tentam controlar.  

Voto na direita ou na esquerda: 

Outro erro terrível é achar que os cristãos só podem votar em candidatos da direita! Isso é errado. O cristão pode votar em qualquer candidato que ele ache bom, seja da direita, do centro ou da esquerda. 

Assim como a corrupção está espalhada por todos os lados, os escassos bons candidatos também estão espalhados. Muitos partidos deixam claro quais são suas ideologias, mas outros escondem, e acabam enganando os eleitores. Precisamos estar atentos! O país precisa de saúde, educação, segurança... e um candidato precisa estar atento a essas áreas, e oferecer soluções para os problemas da sociedade. Não estamos escolhendo nossos familiares ou pastores, estamos escolhendo nossos representantes nas câmaras municipais e prefeituras das cidades. 

Caro amigo eleitor e cristão, você é livre para votar em quem desejar, não se deixe levar por pressões dos militantes extremistas, sejam da direita ou da esquerda. Estude, pesquise, analise e vote com consciência. 

Não perca o foco! Pregue o Evangelho, avalie individualmente as melhores propostas dos candidatos, mas não faça do período eleitoral uma cruzada eclesiástica contra esse ou aquele candidato. A Igreja é celestial, o voto é secular! Não misture as coisas. Estamos em tempos de democracia, e não de Teocracia. 

O Evangelho não é de esquerda e nem de direita, o Evangelho é vertical! Anunciando as boas novas do Reino, aos moradores da terra. 

Por Diego Rodrigo Souza

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Tenha uma fé firme

 

Muitas pessoas pensam que precisamos de grande fé a fim de receberem de Deus um milagre. Contudo, não foi isso o que Jesus ensinou. Ele disse: “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível”. (Mateus 17:20).

1. O que é a fé?

Em primeiro lugar, destaco o que a fé não é: um sentimento. Você pode sentir que alguma coisa vai acontecer, e ela não acontecer. Mas quando se tem fé de que alguma coisa vai acontecer, ela acontece.

Fé é a atitude de acreditar que aquilo que você não vê, vai acontecer de acordo com a Palavra de Deus (Hb 11:1).

Tanto o Velho Testamento quanto o Novo Testamento nos falam de Abraão como um exemplo de fé. “Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça” (Tg 2:23).

Quando Abraão estava na plenitude de sua vida, Deus lhe prometeu um filho e disse-lhe que os seus descendentes seriam incontáveis, e este milagre alcançou também Sara, que tinha fé.

2. Não duvide.

Quando Abraão creu em Deus, isso lhe foi imputado por justiça. Ele não enfraqueceu na fé, embora levasse em conta seu próprio corpo, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara. Ele não duvidou da promessa de Deus por causa de incredulidade, e a sua fé se fortaleceu, dando glória a Deus (Rm 4:19). Ele creu na palavra de Deus e não baseou-se nos seus próprios sentimentos.

3. Como alcançar a fé? 

Para obtermos a fé necessária para alcançarmos uma bênção, só devemos exercitar a fé que já recebemos (Rm 12:3).

Todo filho de Deus já tem a fé que necessita (Ef 2:8), agora precisa alimentá-la, e buscar o dom espiritual. Para alimentar nossa fé, precisamos da Bíblia, que é chamada de palavra de fé. Ela contém palavras que fazem com que a fé se fortaleça no coração das pessoas. A fé é dada ou depositada em nós através do Espírito Santo e da Palavra.

4. Determinação para agir pela fé.

Precisamos ter atitudes de fé, a determinação em alcançarmos uma benção de Deus, fortalecerá nossa fé. A Bíblia nos fala de uma mulher que tinha um fluxo de sangue, a mesma já havia gastado tudo o que tinha e não houve melhora para si. Mas ela, ouvindo falar de Jesus, foi ao encontro dele, entre a multidão, e tocou em suas vestes. (Mc 5:27)

Assim que tocou em Jesus, sentiu no seu corpo estar curada daquele mal. E Ele lhe disse: “filha, a tua fé te salvou”.

Observe que o maior desejo dela era ser curada, tudo o que ela precisava era de um milagre, ela agiu com determinação e fé, e alcançou o milagre.

Muitas pessoas tocaram em Jesus naquele dia, muitas por curiosidade, outras acidentalmente, mas o poder só fluiu quando houve o toque de fé (Hb 11:6).

Sem fé é impossível agradar a Deus. Busque exercitar sua fé!

Aquela mulher precisou romper os desafios da sociedade machista, precisou de determinação para não morrer como estava, e não se conformou com a situação, e através de sua fé foi curada e transformada.

Não se acomode nas adversidades, creia, e tome posse de sua benção!

Por Pastor Edgard Fialho Anacleto.

(Revista Semente Apostólica, Necessidades da Vida Cristã / I Trimestre de 1997)

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Expectativa & Esperança

 

“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na Sua presença.” (Salmos 42:5). 

Quando nos deparamos com o desânimo, com a tristeza, com o medo – com os sintomas da depressão – é natural que surja a questão “por quê?”. Queremos entender as causas, queremos saber de onde veio. E, sim, o porquê é necessário para iniciar o processo de cura. 

É sempre importante ressaltar que a depressão é uma doença multicausal, ou seja, ela pode surgir por vários motivos diferentes. E é importante porque não devemos ser como os amigos que Jó, cuja única explicação que conseguiram pensar para o problema foi: “É pecado!”. 

“Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão. Despediste vazias as viúvas, e os braços dos órfãos foram quebrados. Por isso é que estás cercado de laços, e te perturba um pavor repentino, ou trevas de modo que nada podes ver, e a inundação de águas te cobre.” (Jó 22: 7, 9-11). 

É possível que a depressão seja um sintoma de alcoolismo ou demência, por exemplo. É possível que ela seja uma consequência de outras doenças, como hipertensão, câncer e até diabetes. É possível que ela seja uma doença por si mesma, gerando alterações nas emoções, no sono e no apetite. É possível que, como doença, ela venha de traumas de infância, de lesões no cérebro, de situações de estresse, do uso de determinados medicamentos, podendo ser afetada até pela estação do ano (no caso do inverno, em países muito frios ou com pouca incidência de luz do sol). Desemprego, divórcio, morte dos pais, bullying, abuso sexual, violência doméstica... Tudo isso pode gerar depressão.

Mas é possível que fatores espirituais gerem depressão? 

Qualquer questão mal resolvida e carregada de emoções – normalmente negativas - pode gerar depressão. Depressão não é pecado, mas o pecado pode gerar depressão na medida em que também gera culpa, tristeza, medo, ansiedade e autopunição. 

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.” (Romanos 7:14-15). 

Quando somos cristãos e temos consciência de nossa vida espiritual e do estado de nossa intimidade com Deus, ter doenças ligadas ao psicológico gera outros questionamentos. 

Por que Deus permitiria isso? Será que eu abri brechas para o inimigo? Estou pagando por algo que fiz? Como os irmãos vão olhar para mim? Como vou conseguir dar conta do meu cargo na Igreja? Vou conseguir ser um bom líder assim mesmo? 

Tenha em mente que nossa saúde emocional está mais ligada à nossa humanidade do que à nossa espiritualidade. Vejamos o caso de Elias: 

“O profeta Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus e triunfou sobre os profetas de Baal. Elias foi um homem que viveu de forma maiúscula e superlativa. Aprendeu a depender de Deus e a realizar grandes obras em nome do Altíssimo. Mas Elias também tinha os pés de barro. Ele era homem semelhante a nós. Ele não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte.” – Hernandes Dias Lopes. 

Dificilmente alguém poderia chamar Elias de uma pessoa fraca. Ao contrário, talvez fosse forte demais. E, na sua força, sentiu-se solitário. 

Precisamos abrir um parêntese nos nossos debates para falar dos nossos pastores. Normalmente, eles têm poucos amigos. Às vezes, nenhum. São cobrados por produtividade constantemente e qualquer falha é passível de duras críticas. Nos EUA, o Instituto Francis Schaeffer de Desenvolvimento de Liderança Eclesiástica fez uma pesquisa com pastores americanos e o resultado foi que 70% dos pastores lutam constantemente contra a depressão, 71% se dizem esgotados, 77% sentem que não têm um bom casamento e 70% dizem não ter um amigo próximo. 

Quais são as expectativas que pessoas assim podem ter? 

Expectativa e esperança, apesar de próximas, são palavras com significados diferentes. Ambas são crenças sobre o futuro, mas a expectativa é sobre o que é mais provável de acontecer, enquanto a esperança é sobre fé. 

Desses pastores, 89% já consideraram deixar o ministério e 57% disseram que realmente deixariam, se tivessem um lugar melhor para ir e um emprego secular. Elias, por se sentir sozinho, pensava que acabaria morrendo e, com ele, a Aliança entre Deus e o povo. 

“E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.” (I Reis 19:10). 

Olhar para as circunstâncias pode ser realmente desanimador. Deus então mostra a Elias – com uma voz doce e suave, sabendo que Elias precisava de cuidados – que ele não era o único, que não estava sozinho, que ainda existiam mais sete mil dos que não adoraram a Baal. 

De forma semelhante, quando nós pecamos e ainda temos um coração sensível para lamentar por isso, ficamos com “uma expectação terrível de juízo” (Hb. 10:27). As expectativas são ruins e nossos olhos só alcançam tristeza. Mas graças a Deus, por Cristo Jesus, em quem nós depositamos nossa esperança! 

Se existe alguém na Bíblia com motivos para ter depressão, esse alguém foi Jeremias. Ele presenciou toda a desolação do povo judeu ao ser levado ao cativeiro, ele viu a cidade de Jerusalém destruída, ele assistiu ao povo faminto e desesperado. Tanto foi o sofrimento, que ficou conhecido como “profeta chorão”. Ainda assim, enquanto se lamentava, dizia: 

“A benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Invoquei o teu nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra. Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.” (Lamentações 3:22-26, 55, 57). 

Ao contrário do que fazem alguns religiosos, não podemos impor como alguém deve se sentir – como se isso fosse possível! – nem dizer como nos sentiríamos caso estivéssemos em seu lugar. Cada um luta suas próprias batalhas, cada um sente suas próprias dores. Nossa parte, enquanto cristãos que demonstram amor fraternal, é lembrar que existe esperança além das expectativas. 

“Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” (Jeremias 29:11).

Por Josy Pereira Negrin.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Setembro Amarelo

 


    De acordo com o site da campanha (www.setembroamarelo.com), o Setembro Amarelo é realizado desde 2014, como uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina – CFM. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

    Dentro das igrejas evangélicas e protestantes, esse assunto ainda é muito obscuro e gera inúmeras ideias erradas e até alguns preconceitos. Nós, como igreja, precisamos orientar nossos membros e conscientizá-los acerca deste tema tão sensível e importante.

    A depressão aparece em vários casos bíblicos, como os do profeta Elias (I Reis 19) e de Jó (Jó 3).

    1. Ideias erradas acerca da depressão:

    A. “Depressão é frescura!” - Ao contrário da crença popular, depressão não é frescura de quem quer chamar atenção. Essa crença acaba resultando em preconceito na sociedade, que não vê a gravidade do problema e impede que várias pessoas peçam ajuda, por medo de serem ridicularizadas.

    B. “Depressão é tristeza!” - Muitos cometem o erro de achar que todo deprimido aparenta ser uma pessoa extremamente triste, e isto nem sempre é verdade. Depressão é muito mais grave do que uma tristeza, pois esta última geralmente passa com o tempo, sem a necessidade de auxílio profissional.

    A depressão, por outro lado, precisa de acompanhamento profissional, pois não é um simples sentimento. A tristeza profunda que aparece em casos de depressão não é causada pelo sentimento de tristeza, mas por uma doença psiquiátrica grave, e nem sempre esse sintoma é exteriorizado. Quantas pessoas tiraram a própria vida devido à depressão sem que as pessoas ao redor sequer soubessem o que elas passavam? Os sintomas da depressão não se resumem à tristeza.

    C. “Depressão é falta de fé!” - Esse é o maior erro da igreja evangélica e protestante: enxergar depressão como pecado ou falta de fé. A fé pode curar a depressão, pois “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16), assim como ela pode curar qualquer doença, mas ainda precisamos buscar ajuda profissional.

    A fé pode curar câncer? Com certeza! Mas nem por isso as pessoas acometidas pelo câncer deixam de procurar o médico e realizar os tratamentos necessários! A depressão precisa ser vista da mesma forma que as demais doenças graves. Podem ser curadas por meio da oração da fé, mas a fé não exclui a necessidade de acompanhamento. Deus também usa os profissionais como instrumentos de cura.

    Está com sintomas de depressão? Ore a Deus, converse com seu pastor, mas não deixe de procurar um psicólogo e/ou psiquiatra.

    2. Entenda a depressão:

    De acordo com o Ministério da Saúde, a depressão é uma doença mental de elevada prevalência e é a mais associada ao suicídio, tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não é tratada, e é causada por fatores genéticos, deficiência de substâncias cerebrais e/ou eventos vitais (ou seja, eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença). 

    Entre os muitos sintomas, estão: humor depressivo (sensação de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa, etc.), retardo motor, falta de energia, falta de concentração, insônia, sonolência, apetite desregulado (podendo ser diminuído ou aumentado), mal estar, dores no peito, taquicardia, etc.

    3. O suicídio: 

    O ponto final para muitas pessoas que enfrentam a depressão é o suicídio. Tirar a própria vida é o “recurso” que muitos usam para acabar com seus sofrimentos.

    A igreja precisa amar essas vidas a ponto de lutar para que elas não se entreguem à morte. É preciso mostrar que existe esperança e solução, que o depressivo tem um Deus que o ama, e incentivá-lo a procurar ajuda médica. Deus o ama tanto que capacitou homens e mulheres para serem psicólogos e psiquiatras. 

    Ao contrário do pensamento teológico comum, o suicídio não é um passaporte para o inferno, pois podem haver fatores atenuantes que tire o suicida da condenação momentos antes de sua morte. Mas não me prenderei às questões teológicas do caso, e sim às questões humanitárias.

    Caso o depressivo tenha tirado sua própria vida, a igreja precisa evitar discursos vazios de condenação e olhar com carinho para a família daquele que se foi, consolando, confortando e orientando.

    Depressão se vence com trabalho em conjunto, então aproveite esse mês de conscientização para estudar e aprender mais sobre essa doença, consulte artigos médicos e sites confiáveis, e faça de sua mensagem um conforto tanto para quem sofre diretamente com isso, como para os familiares e amigos que sofrem indiretamente.

    “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. (João 13:34,35).

Por Diego Rodrigo Souza.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Pecou? Chega mais perto!

 

"E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.
E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me" (
Gênesis 3:6-10).

Desde o início, se vê que o homem, quando peca, tem a tendência de se "esconder" de Deus. Por vergonha, por não se achar capaz ou merecedor de chegar diante de um Deus Santo, em que todo o poder está em suas mãos. Isso se dá, principalmente, pelo fato de que o pecado acaba nos revelando que estamos nus. Mas o problema é muito mais profundo.

Não se trata da nudez do corpo físico, que sempre esteve à mostra, mas da alma embotada da vergonha do pecado, num estado de sujeira, diferente do propósito de Deus para nossas vidas.

Essa nudez revela quem realmente somos depois que o pecado entrou nas nossas vidas. E isso é algo que procuramos a todo tempo esconder. Na verdade, não queremos mostrar o que verdadeiramente somos a ninguém, nem a nós mesmos. Não queremos exibir essa nudez interior.

Assim como Adão e Eva, muitas vezes procuramos um paliativo, cobrindo-nos com folhas de figueiras. As folhas de figueira significavam atacar o efeito, os sintomas da doença, mas não é a cura, tanto que, ao ouvirem Deus se aproximando eles se esconderam.

Quem realmente somos, o que pensamos e desejamos no nosso íntimo não são problemas para Deus, nós que nos sentimos mal com isso.

O pecado não é problema para Deus, é problema para nós, pois nos leva para longe da presença dEle.

Então nos escondemos.

E nos escondemos porque reconhecemos os nossos pecados, sentimos culpa, passamos a ter um olhar fixo para nossa mazela, e deixamos de olhar para Jesus.

Nós nos escondemos quando não confessamos o nosso próprio pecado a Ele, quando ressaltamos o pecado do outro, quando criamos normas de condutas e rituais religiosos acreditando que os mesmos nos justificam e nos dão o direito de acessar os céus. Quando forjamos uma santidade, no jeito de falar, orar, se vestir, julgar...

Nós nos escondemos em nossas orações, quando evitamos falar com Deus sobre os nossos maus pensamentos, nossos sentimentos egoístas e ruins, ou nossas próprias ações contrárias à vontade dEle para nossas vidas. E nos escondemos quando gastamos esse precioso momento tentando desviar a atenção do Senhor do nosso estado caído, tentando mostrar para Ele aquilo que não somos.

Deus não tem problemas com a nossa nudez, pelo contrário, foi Ele que foi à presença de Adão e Eva enquanto eles se escondiam, esperando que eles se apresentassem nus, despidos de quaisquer tentativas vãs de encobrirem suas vergonhas.

Deus espera que em nossas orações nós confessemos a Ele o que realmente somos, a nossa verdadeira natureza, e peçamos ajuda, socorro para o que nos tornamos.

Desnude-se na presença do Senhor. Dispa a sua alma diante dele. Desnude o seu espírito. Não tente se esconder dos olhos do Senhor, nem tente fugir desse confronto.

Só assim, inteiramente nus diante dEle, é que Ele pode nos vestir com as únicas vestes capazes de cobrir a nossa vergonha: Graça, imerecida Graça.

Por Lucília Castro.
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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

A morte da igreja

 

 

Em uma pequena cidade do interior havia uma igreja. Antes grandiosa e fiel ao verdadeiro evangelho, essa igreja começou a cair quando começaram a surgir murmurações, apostasia e politicagens. Pessoas passaram a amar mais o poder do que o Evangelho. Buscavam bênçãos, mas se esqueciam de adorar e louvar a Deus. 

Esse cenário foi piorando cada vez mais até culminar na saída do seu pastor e na chegada de um novo pastor. Em toda a cidade o que se ouvia era que aquela igreja havia morrido, e até mesmo seus membros diziam que aquela igreja estava morta. 

O novo pastor ficou indignado ao ver suas ovelhas dizerem que a igreja havia morrido e ainda se isentarem de culpa, dizendo que os culpados eram alguns irmãos ausentes e o antigo pastor. 

O pastor pensou consigo mesmo: "Essa igreja está mesmo morta", e teve uma ideia. Se a igreja estava morta, precisava então ser enterrada. E anunciou à igreja que no próximo domingo haveria o funeral e o sepultamento da igreja.

Os membros da igreja não entenderam, pois, de fato, como se enterraria uma igreja? 

Ao chegarem na igreja no domingo, os membros viram que no púlpito havia um caixão, e nele estava escrito: Aqui está a igreja morta. 

O pastor pediu que todos os membros fizessem uma fila para verem a igreja pela última vez, mas que, ao verem caixão, voltassem a seus lugares sem dizer nada aos demais membros. 

E assim foi feito, cada um dos membros foi vendo a igreja morta no caixão. Uns voltavam para o banco tristes, outros choravam, e alguns choravam copiosamente. 

Sabe qual era a aparência da igreja morta? O mistério da igreja morta no caixão é que dentro do caixão havia um espelho e, ao olharem a igreja, os membros viam a si mesmos ali dentro do caixão. 

Nós somos a Casa de Deus, a verdadeira Igreja, templo do Espírito Santo. Eu sozinho não sou Igreja, mas nós juntos formamos uma parte da Igreja espalhada pelo mundo. E uma igreja (congregação local) só morre quando a Igreja (cristãos) reunida ali morre espiritualmente.

Temos que ser cristãos comprometidos com o Evangelho para que não vejamos uma igreja morta. 

Nós somos a "geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (I Pd 2:9). 

Não podemos mais reclamar de nossa igreja local enquanto não nos tornarmos a Igreja de Cristo.

Por Adonias Roque de Souza.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A Desconstrução do Evangelho

         


"Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina". II Timóteo 4:1,2. 

Lendo essas recomendações do Apóstolo Paulo ao jovem Timóteo, fico me perguntando o que está acontecendo com o Evangelho atual? É possível que tudo o que foi construído seja desconstruído? 

A Bíblia fala que o Evangelho está sobre um fundamento, e que ninguém pode colocar outro: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." I Co. 3:11. Mas, ainda que não seja possível colocar outro fundamento, existem pessoas tentando modificar os pilares que já foram colocados e firmados pelos Apóstolos, desconstruindo tudo o que foi pregado e ensinado na igreja primitiva. 

No entanto, não é comum que pregadores subam aos púlpitos e digam que esse ou aquele versículo bíblico estão errados. Ao contrário, usam a Palavra de Deus para justificar suas distorções. Por isso, a igreja precisa estar atenta ao conteúdo que é ministrado, evitando principalmente os extremos, que beiram o fanatismo ou a incredulidade. A Bíblia se compreende por fé e razão, de forma que precisamos das duas, pois Cristo é poder e sabedoria ao mesmo tempo. 

“Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” I Coríntios 1:22-24. 

As boas novas de salvação surgiram com o pecado de Adão, no Gênesis, foram ilustradas por muitos símbolos desde o Antigo Testamento, profetizadas em salmos e visões, o Cordeiro foi morto “desde a fundação do mundo” (Ap. 13:8). Dessa forma, o Evangelho não é compreendido apenas por um versículo isolado. Ele permeia toda a Bíblia, como podemos então entender? 

“Pois é mandamento sobre mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra: um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10. 

E se eu posso deixar um conselho, sugiro o mesmo que Paulo: “Persiste em ler” (I Tm. 4:13). 

Comparando a orientação de Paulo a Timóteo com o que vejo nas igrejas hoje, percebo essa "desconstrução" do verdadeiro Evangelho. O verdadeiro Evangelho é: 

1. Pregar a Palavra: Essa pregação é a essência do Evangelho. É anunciar que Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e que Ele voltará para buscar a Sua Igreja. 

Pregar a Palavra não é humilhar o diabo com frases prontas de efeito, não é contar testemunhos que em nada glorificam a Deus e nem é usar o poder de persuasão ou as habilidades da homilética para falar por horas sem se tornar chato. Pregar é ser usado por Deus para anunciar a vontade do Senhor e levar os ouvintes ao conhecimento da Verdade, pois só ela liberta (Jo. 8:32). 

2. Redarguir: A palavra redarguir, no original latim, tem como significado 'refutar, convencer de falsidade, mostrar a falsidade'. Onde existe o Evangelho, deve existir a refutação às práticas da mentira e falsidade, pois o Evangelho não pode coexistir com a mentira. 

3. Repreender: Admoestar energicamente. O Evangelho verdadeiro adverte aqueles que pecam e se desviam da vontade do Senhor. Pregações que soam como "música suave" aos ouvidos dos pecadores não fazem parte do Evangelho. 

Desde Atos dos Apóstolos, vemos a Igreja confrontando os pecadores, advertindo-os, e jamais usando o "eufemismo gospel", que hoje é justamente usado para evitar o confronto e a perda de membros na igreja. Muitas pessoas deixaram de ser ovelhas de Cristo e se tornaram unicamente membros de igrejas, por isso não existe a devida repreensão. 

4. Exortar: Animar e estimular. Ao contrário do que pregam e pensam, exortar não é repreender ou disciplinar. Confundem exortar com admoestar, pois esta última tem o significado de repreender. Exortar é animar e estimular os cristãos a perseverarem na fé. 

5. Usar longanimidade e doutrina: Embora hoje o termo "longânimo" tem o sentido de ser paciente, a origem do termo nos remete a ideia da "qualidade de ser sofredor", o que condiz perfeitamente com as palavras de Jesus: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo..." (Jo. 16:33), e com as palavras de Paulo: "Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo". II Tm 2:3.            

E, além de ser um "bom sofredor", estar sempre observando a doutrina, não dos homens, mas aquela que Cristo deixou, e os apóstolos propagaram até chegar a nós. 

A desconstrução desses cinco pilares do Evangelho, tentando modificar o fundamento já colocado, foi algo predito pelo Apóstolo Paulo: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." II Tm. 4:3,4.  

Estamos nesse tempo, onde as pessoas não suportam a sã doutrina, e muitas igrejas, com medo de perder adeptos, não pregam mais a sã doutrina, juntando doutores que gostam de movimentos, pregam coisas fúteis que anulam o Evangelho, se isolando e desviando o povo da verdade, pois estão cegos e entorpecidos em suas fábulas, que se originam em visões humanas, pensamentos de homens que tentam provocar a queda dos cinco pilares do verdadeiro Evangelho. 

Mas esquecem que, ainda que os cinco pilares caiam, o fundamento é Cristo, e quando tentam destruir esse fundamento, acabam tropeçando e sendo destruídos: "Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó" Mateus 21:42-44.

Por Diego Rodrigo Souza e Josy Pereira Negrin.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

A prática do jejum



O Jejum.

O jejum é um ensino bíblico praticado tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento. Portanto, se é uma prática bíblica, precisamos conhecer seu objetivo e utilidade para a vida cristã em nossos dias.

O conceito de jejum é abster-se, total ou parcialmente, de alimentos e líquidos, e seu objetivo é mortificar o corpo (II Co 9:27), quando unido à oração, pois o mesmo traz quebrantamento, mostrando para Deus nossa dependência dEle. 

Tipos de Jejum:

A. Jejum Típico: A bíblia fala do jejum normal, típico, que consiste em abster-se totalmente de alimento sólido. Este jejum não elimina os líquidos. O Senhor Jesus jejuou por 40 dias e noites e, logo após, diz-nos a Bíblia, que ele teve fome e não sede (Mateus 4:1-2).

B. Jejum Parcial: Este tem várias aplicações, e é caracterizado pelo que se come e pela frequência que se come. Significa abster-se de determinados alimentos e líquidos, ou de determinadas práticas. (I Co 7:5).

C. Jejum Completo: Conhecido também como total ou absoluto. Consiste na abstinência total de alimentos e líquidos. (At 9:9; Et 4:16).

Jejum no Antigo Testamento:

O jejum para os judeus tinha duração de 24 horas, ia de um pôr-do-sol a outro, mas muitos fizeram jejuns de vários dias. Inúmeros casos são relatados no Antigo Testamento, como o profeta Elias (I Rs 17:1-6), Mardoqueu e rainha Ester (Ester 4), rei Jeosafá (II Cr 20:3), profeta Daniel (Dn 1:8-17), etc.

Em todos os casos relatados, o jejum era acompanhado de oração e consagração, colocando diante de Deus os seus objetivos. Ficar sem comer não é jejuar, é apenas passar fome ou dieta! O jejum é uma forma de consagração para receber respostas, tomar decisões, e derrotar o inimigo.

Jejum no Novo Testamento:

O jejum não era uma prática comum apenas no Antigo Testamente, mas continuou no Novo Testamento, sendo o primeiro caso mencionado o do nosso Senhor Jesus Cristo, no deserto.

Ele praticou o jejum típico por 40 dias e noites (Mt 4:2). Pouco adiante, já durante seu ministério, Jesus foi interrogado pelos discípulos de João Batista acerca do jejum, e Cristo disse que naquele momento, enquanto ainda estava com eles, não era bom ficar com aparência triste, mas quando ele fosse para o céu, eles deveriam jejuar (Mc 2:18-20).

Em Atos 13, na primeira igreja apostólica cristã em Antioquia, os cristãos faziam jejuns acompanhados de orações. Assim, receberam a resposta de Deus sobre quem eles enviariam para missões. (At 13 1-3). 

Diversas outras passagens bíblicas Novo Testamento, relatam a pratica do jejum: At 27:33-37, II Co 6:5; 11:27, etc.

Como Jejuar:

Determine o tempo de duração e exponha para Deus o seu propósito. Logo ao iniciar, peça perdão pelos pecados cometidos (I Jo 1:8-9) e, na sequência, adore a Deus (Lc 2:37). Faça as orações pelos pedidos propostos, peça com fé e declare vitória sobre o pedido, medite na Palavra e termine sendo grato a Deus. 

O jejum é importante e útil para aqueles que guardam a Palavra de Deus e buscam vivê-la. Não se iluda, Deus não tem compromisso com quem não é compromissado com Ele.

Em Isaías 1, Deus reprova os sacrifícios, as festas, as orações e as reuniões, pois o povo fazia com a alma suja, ignorando o verdadeiro culto a Deus, e prostrando-se aos ídolos. No capítulo 58, eles fazem jejum como que “impondo, obrigando” a Deus o que queriam, exaltavam-se a si próprios, exatamente como faziam os fariseus na época de Jesus (Mt 23).

Mas Deus responde que não é este o jejum aceitável. Não é o sacrifício em si, realizado mecanicamente, capaz de substituir a base da vida cristã (oração, palavra, culto racional, testemunho, amor). Se não praticarmos a base, não adiantará jejuarmos.

“Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?” (Isaías 58:4-7).

A entrega do Jejum.

A entrega do jejum pode se tornar em pecado de glutonaria, se for feita sem domínio; pois se você quiser comer tudo o que não comeu quando estava em jejum, você estará pecando e não terá se abstido de tais alimentos ou líquidos. Se você ficou de 12 a 24 horas em jejum, seu estômago estará sensível, e precisará de algo leve. Depois de um espaço de tempo volte a sua alimentação normal, gradativamente, a fim de evitar problemas digestivos.

O jejum pode apresentar perigos de natureza física e mental, se for feito todo dia sem propósito ou controle. A vida cristã não se resume ao jejum. Antes de praticá-lo, ore, estude a Palavra e então comece a fazer de forma gradativa, com moderação. 

Quando planejar, coloque tudo diante de Deus, seus propósitos, seus horários. O jejum é uma necessidade do cristão de hoje, assim como foi no passado, mas utilize-o de forma prudente e controlada, lembrando-se de que mais importante é imitar a Cristo, pregando, ensinando, aprendendo, orando, amando.

Se já seguir os passos do Mestre, seu jejum terá um grande poder em sua vida espiritual.

Por Pastor Edgard Fialho Anacleto.
(Revista Semente Apostólica, Necessidades da Vida Cristã / I Trimestre de 1997)

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Vitrines

“Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hebreus 12:1-2).

        Em um mundo cheio de “não importa o que as pessoas pensam” e “toma conta da sua vida”, existe espaço para se falar de testemunho?

       É bem verdade que a mensagem do evangelho, principalmente nestes últimos dias, é um confronto direto às ideologias do mundo, então não devemos esperar aceitação do mundo. A própria Bíblia diz isso, em João 17:14, nas palavras de Jesus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo”. E nas palavras de Paulo: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (I Co. 1:18).

       Charles Spurgeon, um grande pregador do século XIX, perguntou: “Será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.

       A Bíblia diz que devemos ser pacientes com os que estão fracos na fé, “de maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12). Nossa salvação, assim como nossa responsabilidade pela nossa vida, é incontestavelmente individual.

      “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo” (Ec. 11:9).

      Sim, cada um é responsável pela própria vida. No entanto, como vivemos em sociedade, nossas ações e omissões interferem diretamente na vida de quem nos cerca, de forma que precisamos ser conscientemente responsáveis sobre a forma como afetamos e influenciamos outras vidas. Não apenas porque devemos “amar o próximo como a nós mesmos”, mas também porque este é o propósito de Deus.

       Em resposta ao versículo “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm. 8:31), o Rev. Augustus Nicodemos escreveu um livro chamado “E se Deus for contra nós?”. Veja o que a Bíblia diz sobre isso em Naum 3:5-6.

    “Eis que estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos, e te descobrirei na tua face, e às nações mostrarei a tua nudez e aos reinos, a tua vergonha. E lançarei sobre ti coisas abomináveis, e te envergonharei, e pôr-te-ei como espetáculo.”

     O texto de Naum conta a respeito da destruição de Nínive, uma cidade sanguinária, cheia de mentiras e roubo. Jonas já havia profetizado acerca de sua destruição, mas o povo se arrependeu, de forma que Deus lhes concedeu uma nova chance.  Esse versículo, no entanto, mostra que eles desperdiçaram essa chance, e retrocederam para os seus maus caminhos. Não apenas Deus os destruiu, como também fez deles um exemplo.

       Estamos vivendo uma geração que não acredita que Deus pode envergonhar alguém. Ele pode. É o mesmo Deus.

     “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha1, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos. Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mt 18:6-7).

        Se, como cristãos, não fazemos a diferença, o que fazemos?

     “Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” (Mt. 5:13)

     Mas, da mesma forma que Deus nos mostra exemplos negativos para que não os sigamos, Ele quer que sejamos bons exemplos para os que nos rodeiam. Jesus iniciou seu ministério com o milagre da transformação da água em vinho, no casamento em Caná da Galileia. Vinho simboliza alegria. Acabar o vinho na festa de casamento seria uma vergonha para os noivos, e representa o fim da alegria de um casal. Quando Jesus provê o vinho, ele restitui a alegria não apenas para os noivos, mas para todos os que estavam na festa.

     “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.” (Jo. 2:11).

        Quando Deus provê o vinho, é para ser colocado na vitrine. Não para que nos vangloriemos de nossa alegria, mas para que o Deus que nos proporcionou a alegria seja apresentado aos homens.

      Em Hebreus 12:14, somos orientados a viver uma vida de paz com o próximo e de santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor”. Normalmente, interpretamos o texto de forma que “se eu não me santificar, eu não verei a Deus”. Mas não apenas eu não verei o Senhor. Ninguém verá o Senhor! E é por isso que o texto fala primeiro de paz. Se eu tenho paz com as pessoas, elas me observam além de seus preconceitos. Se conseguir quebrar essa resistência, meu testemunho de uma vida santificada mostra o Senhor.

        Quando, em João 4, a mulher samaritana teve sua forma de viver questionada e transformada por Cristo, voltou à sua cidade contando aos homens o que havia acontecido. Os samaritanos, então, foram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse ali com eles, ao passo que Jesus ficou por dois dias. Por fim, disseram à mulher “Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.” (v. 42). No entanto, se não fosse pelo testemunho da mulher, eles não o teriam ouvido, porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos (v. 9).

        Nosso exemplo e testemunho abrem portas inimagináveis.

       Em II Reis 7, a Bíblia nos mostra a história de quatro leprosos que ficavam do lado de fora de uma cidade que estava passando por uma terrível fome. Em certo momento, foram até o arraial dos inimigos e o acharam vazio, pois o Senhor os tinha confundido e feito com que fugissem, deixando tudo para trás. Então os leprosos comeram, beberam, e pegaram para si todo tipo de riqueza, até que pensaram: “Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nos calamos” (v.9).

       Se de fato acreditamos que Jesus Cristo é a melhor coisa que nos aconteceu, se acreditamos que Ele faz toda a diferença em nossa vida, e guardamos esse tesouro para nós mesmos, não fazemos bem. Este dia é dia de boas-novas, e nos calamos.

     O que temos colocado nas nossas prateleiras? Está na hora de transformarmos nossa vida em uma vitrine que mostra a graça de Deus.

    “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mt. 5:16).

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1 Mó de azenha: pedra de moinho.

Por Josy Pereira Negrin.