quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Setembro Amarelo

 


    De acordo com o site da campanha (www.setembroamarelo.com), o Setembro Amarelo é realizado desde 2014, como uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina – CFM. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

    Dentro das igrejas evangélicas e protestantes, esse assunto ainda é muito obscuro e gera inúmeras ideias erradas e até alguns preconceitos. Nós, como igreja, precisamos orientar nossos membros e conscientizá-los acerca deste tema tão sensível e importante.

    A depressão aparece em vários casos bíblicos, como os do profeta Elias (I Reis 19) e de Jó (Jó 3).

    1. Ideias erradas acerca da depressão:

    A. “Depressão é frescura!” - Ao contrário da crença popular, depressão não é frescura de quem quer chamar atenção. Essa crença acaba resultando em preconceito na sociedade, que não vê a gravidade do problema e impede que várias pessoas peçam ajuda, por medo de serem ridicularizadas.

    B. “Depressão é tristeza!” - Muitos cometem o erro de achar que todo deprimido aparenta ser uma pessoa extremamente triste, e isto nem sempre é verdade. Depressão é muito mais grave do que uma tristeza, pois esta última geralmente passa com o tempo, sem a necessidade de auxílio profissional.

    A depressão, por outro lado, precisa de acompanhamento profissional, pois não é um simples sentimento. A tristeza profunda que aparece em casos de depressão não é causada pelo sentimento de tristeza, mas por uma doença psiquiátrica grave, e nem sempre esse sintoma é exteriorizado. Quantas pessoas tiraram a própria vida devido à depressão sem que as pessoas ao redor sequer soubessem o que elas passavam? Os sintomas da depressão não se resumem à tristeza.

    C. “Depressão é falta de fé!” - Esse é o maior erro da igreja evangélica e protestante: enxergar depressão como pecado ou falta de fé. A fé pode curar a depressão, pois “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16), assim como ela pode curar qualquer doença, mas ainda precisamos buscar ajuda profissional.

    A fé pode curar câncer? Com certeza! Mas nem por isso as pessoas acometidas pelo câncer deixam de procurar o médico e realizar os tratamentos necessários! A depressão precisa ser vista da mesma forma que as demais doenças graves. Podem ser curadas por meio da oração da fé, mas a fé não exclui a necessidade de acompanhamento. Deus também usa os profissionais como instrumentos de cura.

    Está com sintomas de depressão? Ore a Deus, converse com seu pastor, mas não deixe de procurar um psicólogo e/ou psiquiatra.

    2. Entenda a depressão:

    De acordo com o Ministério da Saúde, a depressão é uma doença mental de elevada prevalência e é a mais associada ao suicídio, tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não é tratada, e é causada por fatores genéticos, deficiência de substâncias cerebrais e/ou eventos vitais (ou seja, eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença). 

    Entre os muitos sintomas, estão: humor depressivo (sensação de tristeza, autodesvalorização, sentimento de culpa, etc.), retardo motor, falta de energia, falta de concentração, insônia, sonolência, apetite desregulado (podendo ser diminuído ou aumentado), mal estar, dores no peito, taquicardia, etc.

    3. O suicídio: 

    O ponto final para muitas pessoas que enfrentam a depressão é o suicídio. Tirar a própria vida é o “recurso” que muitos usam para acabar com seus sofrimentos.

    A igreja precisa amar essas vidas a ponto de lutar para que elas não se entreguem à morte. É preciso mostrar que existe esperança e solução, que o depressivo tem um Deus que o ama, e incentivá-lo a procurar ajuda médica. Deus o ama tanto que capacitou homens e mulheres para serem psicólogos e psiquiatras. 

    Ao contrário do pensamento teológico comum, o suicídio não é um passaporte para o inferno, pois podem haver fatores atenuantes que tire o suicida da condenação momentos antes de sua morte. Mas não me prenderei às questões teológicas do caso, e sim às questões humanitárias.

    Caso o depressivo tenha tirado sua própria vida, a igreja precisa evitar discursos vazios de condenação e olhar com carinho para a família daquele que se foi, consolando, confortando e orientando.

    Depressão se vence com trabalho em conjunto, então aproveite esse mês de conscientização para estudar e aprender mais sobre essa doença, consulte artigos médicos e sites confiáveis, e faça de sua mensagem um conforto tanto para quem sofre diretamente com isso, como para os familiares e amigos que sofrem indiretamente.

    “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. (João 13:34,35).

Por Diego Rodrigo Souza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário