“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação que há na Sua presença.” (Salmos 42:5).
Quando nos deparamos com o desânimo, com a tristeza, com o medo – com os sintomas da depressão – é natural que surja a questão “por quê?”. Queremos entender as causas, queremos saber de onde veio. E, sim, o porquê é necessário para iniciar o processo de cura.
É sempre importante ressaltar que a depressão é uma doença multicausal, ou seja, ela pode surgir por vários motivos diferentes. E é importante porque não devemos ser como os amigos que Jó, cuja única explicação que conseguiram pensar para o problema foi: “É pecado!”.
“Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão. Despediste vazias as viúvas, e os braços dos órfãos foram quebrados. Por isso é que estás cercado de laços, e te perturba um pavor repentino, ou trevas de modo que nada podes ver, e a inundação de águas te cobre.” (Jó 22: 7, 9-11).
É possível que a depressão seja um sintoma de alcoolismo ou demência, por exemplo. É possível que ela seja uma consequência de outras doenças, como hipertensão, câncer e até diabetes. É possível que ela seja uma doença por si mesma, gerando alterações nas emoções, no sono e no apetite. É possível que, como doença, ela venha de traumas de infância, de lesões no cérebro, de situações de estresse, do uso de determinados medicamentos, podendo ser afetada até pela estação do ano (no caso do inverno, em países muito frios ou com pouca incidência de luz do sol). Desemprego, divórcio, morte dos pais, bullying, abuso sexual, violência doméstica... Tudo isso pode gerar depressão.
Mas é possível que fatores espirituais gerem depressão?
Qualquer questão mal resolvida e carregada de emoções – normalmente negativas - pode gerar depressão. Depressão não é pecado, mas o pecado pode gerar depressão na medida em que também gera culpa, tristeza, medo, ansiedade e autopunição.
“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.” (Romanos 7:14-15).
Quando somos cristãos e temos consciência de nossa vida espiritual e do estado de nossa intimidade com Deus, ter doenças ligadas ao psicológico gera outros questionamentos.
Por que Deus permitiria isso? Será que eu abri brechas para o inimigo? Estou pagando por algo que fiz? Como os irmãos vão olhar para mim? Como vou conseguir dar conta do meu cargo na Igreja? Vou conseguir ser um bom líder assim mesmo?
Tenha em mente que nossa saúde emocional está mais ligada à nossa humanidade do que à nossa espiritualidade. Vejamos o caso de Elias:
“O profeta Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus e triunfou sobre os profetas de Baal. Elias foi um homem que viveu de forma maiúscula e superlativa. Aprendeu a depender de Deus e a realizar grandes obras em nome do Altíssimo. Mas Elias também tinha os pés de barro. Ele era homem semelhante a nós. Ele não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte.” – Hernandes Dias Lopes.
Dificilmente alguém poderia chamar Elias de uma pessoa fraca. Ao contrário, talvez fosse forte demais. E, na sua força, sentiu-se solitário.
Precisamos abrir um parêntese nos nossos debates para falar dos nossos pastores. Normalmente, eles têm poucos amigos. Às vezes, nenhum. São cobrados por produtividade constantemente e qualquer falha é passível de duras críticas. Nos EUA, o Instituto Francis Schaeffer de Desenvolvimento de Liderança Eclesiástica fez uma pesquisa com pastores americanos e o resultado foi que 70% dos pastores lutam constantemente contra a depressão, 71% se dizem esgotados, 77% sentem que não têm um bom casamento e 70% dizem não ter um amigo próximo.
Quais são as expectativas que pessoas assim podem ter?
Expectativa e esperança, apesar de próximas, são palavras com significados diferentes. Ambas são crenças sobre o futuro, mas a expectativa é sobre o que é mais provável de acontecer, enquanto a esperança é sobre fé.
Desses pastores, 89% já consideraram deixar o ministério e 57% disseram que realmente deixariam, se tivessem um lugar melhor para ir e um emprego secular. Elias, por se sentir sozinho, pensava que acabaria morrendo e, com ele, a Aliança entre Deus e o povo.
“E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.” (I Reis 19:10).
Olhar para as circunstâncias pode ser realmente desanimador. Deus então mostra a Elias – com uma voz doce e suave, sabendo que Elias precisava de cuidados – que ele não era o único, que não estava sozinho, que ainda existiam mais sete mil dos que não adoraram a Baal.
De forma semelhante, quando nós pecamos e ainda temos um coração sensível para lamentar por isso, ficamos com “uma expectação terrível de juízo” (Hb. 10:27). As expectativas são ruins e nossos olhos só alcançam tristeza. Mas graças a Deus, por Cristo Jesus, em quem nós depositamos nossa esperança!
Se existe alguém na Bíblia com motivos para ter depressão, esse alguém foi Jeremias. Ele presenciou toda a desolação do povo judeu ao ser levado ao cativeiro, ele viu a cidade de Jerusalém destruída, ele assistiu ao povo faminto e desesperado. Tanto foi o sofrimento, que ficou conhecido como “profeta chorão”. Ainda assim, enquanto se lamentava, dizia:
“A benignidade do Senhor jamais acaba, as
suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua
fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei
nele. Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom
é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Invoquei o teu
nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra. Tu te aproximaste no dia em que
te invoquei; disseste: Não temas.” (Lamentações 3:22-26, 55, 57).
Ao contrário do que fazem alguns religiosos, não podemos impor como alguém deve se sentir – como se isso fosse possível! – nem dizer como nos sentiríamos caso estivéssemos em seu lugar. Cada um luta suas próprias batalhas, cada um sente suas próprias dores. Nossa parte, enquanto cristãos que demonstram amor fraternal, é lembrar que existe esperança além das expectativas.
“Pois eu bem sei os planos que estou
projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um
futuro e uma esperança.” (Jeremias 29:11).
Por Josy Pereira Negrin.
Parabéns pela mensagem!!
ResponderExcluirÉ assim mesmo!!
Quanto mais esse assunto for falado, mais as pessoas procurarão ajuda!!
Concordo que esse assunto deve ser mais compartilhado e tratado, pois infelizmente o número de pessoas que tem sofrido com esse tipo de enfermidade tem crescido. E alguns tem sofrido por falta de conhecimento e ajuda devida. Deus contonue te usando através da Palavra, minha filha! Graça e paz a todos.
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