quarta-feira, 15 de julho de 2020

A prática do jejum



O Jejum.

O jejum é um ensino bíblico praticado tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento. Portanto, se é uma prática bíblica, precisamos conhecer seu objetivo e utilidade para a vida cristã em nossos dias.

O conceito de jejum é abster-se, total ou parcialmente, de alimentos e líquidos, e seu objetivo é mortificar o corpo (II Co 9:27), quando unido à oração, pois o mesmo traz quebrantamento, mostrando para Deus nossa dependência dEle. 

Tipos de Jejum:

A. Jejum Típico: A bíblia fala do jejum normal, típico, que consiste em abster-se totalmente de alimento sólido. Este jejum não elimina os líquidos. O Senhor Jesus jejuou por 40 dias e noites e, logo após, diz-nos a Bíblia, que ele teve fome e não sede (Mateus 4:1-2).

B. Jejum Parcial: Este tem várias aplicações, e é caracterizado pelo que se come e pela frequência que se come. Significa abster-se de determinados alimentos e líquidos, ou de determinadas práticas. (I Co 7:5).

C. Jejum Completo: Conhecido também como total ou absoluto. Consiste na abstinência total de alimentos e líquidos. (At 9:9; Et 4:16).

Jejum no Antigo Testamento:

O jejum para os judeus tinha duração de 24 horas, ia de um pôr-do-sol a outro, mas muitos fizeram jejuns de vários dias. Inúmeros casos são relatados no Antigo Testamento, como o profeta Elias (I Rs 17:1-6), Mardoqueu e rainha Ester (Ester 4), rei Jeosafá (II Cr 20:3), profeta Daniel (Dn 1:8-17), etc.

Em todos os casos relatados, o jejum era acompanhado de oração e consagração, colocando diante de Deus os seus objetivos. Ficar sem comer não é jejuar, é apenas passar fome ou dieta! O jejum é uma forma de consagração para receber respostas, tomar decisões, e derrotar o inimigo.

Jejum no Novo Testamento:

O jejum não era uma prática comum apenas no Antigo Testamente, mas continuou no Novo Testamento, sendo o primeiro caso mencionado o do nosso Senhor Jesus Cristo, no deserto.

Ele praticou o jejum típico por 40 dias e noites (Mt 4:2). Pouco adiante, já durante seu ministério, Jesus foi interrogado pelos discípulos de João Batista acerca do jejum, e Cristo disse que naquele momento, enquanto ainda estava com eles, não era bom ficar com aparência triste, mas quando ele fosse para o céu, eles deveriam jejuar (Mc 2:18-20).

Em Atos 13, na primeira igreja apostólica cristã em Antioquia, os cristãos faziam jejuns acompanhados de orações. Assim, receberam a resposta de Deus sobre quem eles enviariam para missões. (At 13 1-3). 

Diversas outras passagens bíblicas Novo Testamento, relatam a pratica do jejum: At 27:33-37, II Co 6:5; 11:27, etc.

Como Jejuar:

Determine o tempo de duração e exponha para Deus o seu propósito. Logo ao iniciar, peça perdão pelos pecados cometidos (I Jo 1:8-9) e, na sequência, adore a Deus (Lc 2:37). Faça as orações pelos pedidos propostos, peça com fé e declare vitória sobre o pedido, medite na Palavra e termine sendo grato a Deus. 

O jejum é importante e útil para aqueles que guardam a Palavra de Deus e buscam vivê-la. Não se iluda, Deus não tem compromisso com quem não é compromissado com Ele.

Em Isaías 1, Deus reprova os sacrifícios, as festas, as orações e as reuniões, pois o povo fazia com a alma suja, ignorando o verdadeiro culto a Deus, e prostrando-se aos ídolos. No capítulo 58, eles fazem jejum como que “impondo, obrigando” a Deus o que queriam, exaltavam-se a si próprios, exatamente como faziam os fariseus na época de Jesus (Mt 23).

Mas Deus responde que não é este o jejum aceitável. Não é o sacrifício em si, realizado mecanicamente, capaz de substituir a base da vida cristã (oração, palavra, culto racional, testemunho, amor). Se não praticarmos a base, não adiantará jejuarmos.

“Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?” (Isaías 58:4-7).

A entrega do Jejum.

A entrega do jejum pode se tornar em pecado de glutonaria, se for feita sem domínio; pois se você quiser comer tudo o que não comeu quando estava em jejum, você estará pecando e não terá se abstido de tais alimentos ou líquidos. Se você ficou de 12 a 24 horas em jejum, seu estômago estará sensível, e precisará de algo leve. Depois de um espaço de tempo volte a sua alimentação normal, gradativamente, a fim de evitar problemas digestivos.

O jejum pode apresentar perigos de natureza física e mental, se for feito todo dia sem propósito ou controle. A vida cristã não se resume ao jejum. Antes de praticá-lo, ore, estude a Palavra e então comece a fazer de forma gradativa, com moderação. 

Quando planejar, coloque tudo diante de Deus, seus propósitos, seus horários. O jejum é uma necessidade do cristão de hoje, assim como foi no passado, mas utilize-o de forma prudente e controlada, lembrando-se de que mais importante é imitar a Cristo, pregando, ensinando, aprendendo, orando, amando.

Se já seguir os passos do Mestre, seu jejum terá um grande poder em sua vida espiritual.

Por Pastor Edgard Fialho Anacleto.
(Revista Semente Apostólica, Necessidades da Vida Cristã / I Trimestre de 1997)

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