"E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e
agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram
folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e
esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do
jardim.
E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e
escondi-me" (Gênesis 3:6-10).
Desde o início, se vê que
o homem, quando peca, tem a tendência de se "esconder" de Deus. Por vergonha,
por não se achar capaz ou merecedor de chegar diante de um Deus Santo, em que
todo o poder está em suas mãos. Isso se dá, principalmente, pelo fato de que o
pecado acaba nos revelando que estamos nus. Mas o problema é muito mais
profundo.
Não se trata da nudez do
corpo físico, que sempre esteve à mostra, mas da alma embotada da vergonha do
pecado, num estado de sujeira, diferente do propósito de Deus para nossas
vidas.
Essa nudez revela quem
realmente somos depois que o pecado entrou nas nossas vidas. E isso é algo que
procuramos a todo tempo esconder. Na verdade, não queremos mostrar o que verdadeiramente
somos a ninguém, nem a nós mesmos. Não queremos exibir essa nudez interior.
Assim como Adão e Eva,
muitas vezes procuramos um paliativo, cobrindo-nos com folhas de figueiras. As folhas
de figueira significavam atacar o efeito, os sintomas da doença, mas não é a
cura, tanto que, ao ouvirem Deus se aproximando eles se esconderam.
Quem realmente somos, o
que pensamos e desejamos no nosso íntimo não são problemas para Deus, nós que
nos sentimos mal com isso.
O pecado não é problema
para Deus, é problema para nós, pois nos leva para longe da presença dEle.
Então nos escondemos.
E nos escondemos porque
reconhecemos os nossos pecados, sentimos culpa, passamos a ter um olhar fixo
para nossa mazela, e deixamos de olhar para Jesus.
Nós nos escondemos quando
não confessamos o nosso próprio pecado a Ele, quando ressaltamos o pecado do
outro, quando criamos normas de condutas e rituais religiosos acreditando que
os mesmos nos justificam e nos dão o direito de acessar os céus. Quando
forjamos uma santidade, no jeito de falar, orar, se vestir, julgar...
Nós nos escondemos em
nossas orações, quando evitamos falar com Deus sobre os nossos maus
pensamentos, nossos sentimentos egoístas e ruins, ou nossas próprias ações
contrárias à vontade dEle para nossas vidas. E nos escondemos quando gastamos
esse precioso momento tentando desviar a atenção do Senhor do nosso estado
caído, tentando mostrar para Ele aquilo que não somos.
Deus não tem problemas
com a nossa nudez, pelo contrário, foi Ele que foi à presença de Adão e Eva
enquanto eles se escondiam, esperando que eles se apresentassem nus, despidos
de quaisquer tentativas vãs de encobrirem suas vergonhas.
Deus espera que em nossas
orações nós confessemos a Ele o que realmente somos, a nossa verdadeira
natureza, e peçamos ajuda, socorro para o que nos tornamos.
Desnude-se na presença do
Senhor. Dispa a sua alma diante dele. Desnude o seu espírito. Não tente se
esconder dos olhos do Senhor, nem tente fugir desse confronto.
Só assim, inteiramente nus diante dEle, é que Ele pode nos vestir com as únicas vestes capazes de cobrir a nossa vergonha: Graça, imerecida Graça.
Por Lucília Castro.https://www.facebook.com/meucantinholu/