"Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina". II Timóteo 4:1,2.
Lendo essas recomendações do Apóstolo Paulo ao jovem Timóteo, fico me perguntando o que está acontecendo com o Evangelho atual? É possível que tudo o que foi construído seja desconstruído?
A Bíblia fala que o Evangelho está sobre um fundamento, e que ninguém pode colocar outro: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." I Co. 3:11. Mas, ainda que não seja possível colocar outro fundamento, existem pessoas tentando modificar os pilares que já foram colocados e firmados pelos Apóstolos, desconstruindo tudo o que foi pregado e ensinado na igreja primitiva.
No entanto, não é comum que pregadores subam aos púlpitos e digam que esse ou aquele versículo bíblico estão errados. Ao contrário, usam a Palavra de Deus para justificar suas distorções. Por isso, a igreja precisa estar atenta ao conteúdo que é ministrado, evitando principalmente os extremos, que beiram o fanatismo ou a incredulidade. A Bíblia se compreende por fé e razão, de forma que precisamos das duas, pois Cristo é poder e sabedoria ao mesmo tempo.
“Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” I Coríntios 1:22-24.
As boas novas de salvação surgiram com o pecado de Adão, no Gênesis, foram ilustradas por muitos símbolos desde o Antigo Testamento, profetizadas em salmos e visões, o Cordeiro foi morto “desde a fundação do mundo” (Ap. 13:8). Dessa forma, o Evangelho não é compreendido apenas por um versículo isolado. Ele permeia toda a Bíblia, como podemos então entender?
“Pois é mandamento sobre mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra: um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10.
E se eu posso deixar um conselho, sugiro o mesmo que Paulo: “Persiste em ler” (I Tm. 4:13).
Comparando a orientação de Paulo a Timóteo com o que vejo nas igrejas hoje, percebo essa "desconstrução" do verdadeiro Evangelho. O verdadeiro Evangelho é:
1. Pregar a Palavra: Essa pregação é a essência do Evangelho. É anunciar que Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e que Ele voltará para buscar a Sua Igreja.
Pregar a Palavra não é humilhar o diabo com frases prontas de efeito, não é contar testemunhos que em nada glorificam a Deus e nem é usar o poder de persuasão ou as habilidades da homilética para falar por horas sem se tornar chato. Pregar é ser usado por Deus para anunciar a vontade do Senhor e levar os ouvintes ao conhecimento da Verdade, pois só ela liberta (Jo. 8:32).
2. Redarguir: A palavra redarguir, no original latim, tem como significado 'refutar, convencer de falsidade, mostrar a falsidade'. Onde existe o Evangelho, deve existir a refutação às práticas da mentira e falsidade, pois o Evangelho não pode coexistir com a mentira.
3. Repreender: Admoestar energicamente. O Evangelho verdadeiro adverte aqueles que pecam e se desviam da vontade do Senhor. Pregações que soam como "música suave" aos ouvidos dos pecadores não fazem parte do Evangelho.
Desde Atos dos Apóstolos, vemos a Igreja confrontando os pecadores, advertindo-os, e jamais usando o "eufemismo gospel", que hoje é justamente usado para evitar o confronto e a perda de membros na igreja. Muitas pessoas deixaram de ser ovelhas de Cristo e se tornaram unicamente membros de igrejas, por isso não existe a devida repreensão.
4. Exortar: Animar e estimular.
Ao contrário do que pregam e pensam, exortar não é repreender ou disciplinar.
Confundem exortar com admoestar, pois esta última tem o significado de
repreender. Exortar é animar e estimular os cristãos a perseverarem na
fé.
5. Usar longanimidade e doutrina: Embora hoje o termo "longânimo" tem o sentido de ser paciente, a origem do termo nos remete a ideia da "qualidade de ser sofredor", o que condiz perfeitamente com as palavras de Jesus: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo..." (Jo. 16:33), e com as palavras de Paulo: "Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo". II Tm 2:3.
E, além de ser um "bom sofredor", estar sempre observando a doutrina, não dos homens, mas aquela que Cristo deixou, e os apóstolos propagaram até chegar a nós.
A desconstrução desses cinco pilares do Evangelho, tentando modificar o fundamento já colocado, foi algo predito pelo Apóstolo Paulo: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." II Tm. 4:3,4.
Estamos nesse tempo, onde as pessoas não suportam a sã doutrina, e muitas igrejas, com medo de perder adeptos, não pregam mais a sã doutrina, juntando doutores que gostam de movimentos, pregam coisas fúteis que anulam o Evangelho, se isolando e desviando o povo da verdade, pois estão cegos e entorpecidos em suas fábulas, que se originam em visões humanas, pensamentos de homens que tentam provocar a queda dos cinco pilares do verdadeiro Evangelho.
Mas esquecem que, ainda que os cinco pilares caiam, o fundamento é Cristo, e quando tentam destruir esse fundamento, acabam tropeçando e sendo destruídos: "Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó" Mateus 21:42-44.
Por Diego Rodrigo Souza e Josy Pereira Negrin.