quarta-feira, 29 de julho de 2020

A Desconstrução do Evangelho

         


"Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina". II Timóteo 4:1,2. 

Lendo essas recomendações do Apóstolo Paulo ao jovem Timóteo, fico me perguntando o que está acontecendo com o Evangelho atual? É possível que tudo o que foi construído seja desconstruído? 

A Bíblia fala que o Evangelho está sobre um fundamento, e que ninguém pode colocar outro: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." I Co. 3:11. Mas, ainda que não seja possível colocar outro fundamento, existem pessoas tentando modificar os pilares que já foram colocados e firmados pelos Apóstolos, desconstruindo tudo o que foi pregado e ensinado na igreja primitiva. 

No entanto, não é comum que pregadores subam aos púlpitos e digam que esse ou aquele versículo bíblico estão errados. Ao contrário, usam a Palavra de Deus para justificar suas distorções. Por isso, a igreja precisa estar atenta ao conteúdo que é ministrado, evitando principalmente os extremos, que beiram o fanatismo ou a incredulidade. A Bíblia se compreende por fé e razão, de forma que precisamos das duas, pois Cristo é poder e sabedoria ao mesmo tempo. 

“Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” I Coríntios 1:22-24. 

As boas novas de salvação surgiram com o pecado de Adão, no Gênesis, foram ilustradas por muitos símbolos desde o Antigo Testamento, profetizadas em salmos e visões, o Cordeiro foi morto “desde a fundação do mundo” (Ap. 13:8). Dessa forma, o Evangelho não é compreendido apenas por um versículo isolado. Ele permeia toda a Bíblia, como podemos então entender? 

“Pois é mandamento sobre mandamento, mandamento e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra: um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10. 

E se eu posso deixar um conselho, sugiro o mesmo que Paulo: “Persiste em ler” (I Tm. 4:13). 

Comparando a orientação de Paulo a Timóteo com o que vejo nas igrejas hoje, percebo essa "desconstrução" do verdadeiro Evangelho. O verdadeiro Evangelho é: 

1. Pregar a Palavra: Essa pregação é a essência do Evangelho. É anunciar que Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e que Ele voltará para buscar a Sua Igreja. 

Pregar a Palavra não é humilhar o diabo com frases prontas de efeito, não é contar testemunhos que em nada glorificam a Deus e nem é usar o poder de persuasão ou as habilidades da homilética para falar por horas sem se tornar chato. Pregar é ser usado por Deus para anunciar a vontade do Senhor e levar os ouvintes ao conhecimento da Verdade, pois só ela liberta (Jo. 8:32). 

2. Redarguir: A palavra redarguir, no original latim, tem como significado 'refutar, convencer de falsidade, mostrar a falsidade'. Onde existe o Evangelho, deve existir a refutação às práticas da mentira e falsidade, pois o Evangelho não pode coexistir com a mentira. 

3. Repreender: Admoestar energicamente. O Evangelho verdadeiro adverte aqueles que pecam e se desviam da vontade do Senhor. Pregações que soam como "música suave" aos ouvidos dos pecadores não fazem parte do Evangelho. 

Desde Atos dos Apóstolos, vemos a Igreja confrontando os pecadores, advertindo-os, e jamais usando o "eufemismo gospel", que hoje é justamente usado para evitar o confronto e a perda de membros na igreja. Muitas pessoas deixaram de ser ovelhas de Cristo e se tornaram unicamente membros de igrejas, por isso não existe a devida repreensão. 

4. Exortar: Animar e estimular. Ao contrário do que pregam e pensam, exortar não é repreender ou disciplinar. Confundem exortar com admoestar, pois esta última tem o significado de repreender. Exortar é animar e estimular os cristãos a perseverarem na fé. 

5. Usar longanimidade e doutrina: Embora hoje o termo "longânimo" tem o sentido de ser paciente, a origem do termo nos remete a ideia da "qualidade de ser sofredor", o que condiz perfeitamente com as palavras de Jesus: "No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo..." (Jo. 16:33), e com as palavras de Paulo: "Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo". II Tm 2:3.            

E, além de ser um "bom sofredor", estar sempre observando a doutrina, não dos homens, mas aquela que Cristo deixou, e os apóstolos propagaram até chegar a nós. 

A desconstrução desses cinco pilares do Evangelho, tentando modificar o fundamento já colocado, foi algo predito pelo Apóstolo Paulo: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." II Tm. 4:3,4.  

Estamos nesse tempo, onde as pessoas não suportam a sã doutrina, e muitas igrejas, com medo de perder adeptos, não pregam mais a sã doutrina, juntando doutores que gostam de movimentos, pregam coisas fúteis que anulam o Evangelho, se isolando e desviando o povo da verdade, pois estão cegos e entorpecidos em suas fábulas, que se originam em visões humanas, pensamentos de homens que tentam provocar a queda dos cinco pilares do verdadeiro Evangelho. 

Mas esquecem que, ainda que os cinco pilares caiam, o fundamento é Cristo, e quando tentam destruir esse fundamento, acabam tropeçando e sendo destruídos: "Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó" Mateus 21:42-44.

Por Diego Rodrigo Souza e Josy Pereira Negrin.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

A prática do jejum



O Jejum.

O jejum é um ensino bíblico praticado tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento. Portanto, se é uma prática bíblica, precisamos conhecer seu objetivo e utilidade para a vida cristã em nossos dias.

O conceito de jejum é abster-se, total ou parcialmente, de alimentos e líquidos, e seu objetivo é mortificar o corpo (II Co 9:27), quando unido à oração, pois o mesmo traz quebrantamento, mostrando para Deus nossa dependência dEle. 

Tipos de Jejum:

A. Jejum Típico: A bíblia fala do jejum normal, típico, que consiste em abster-se totalmente de alimento sólido. Este jejum não elimina os líquidos. O Senhor Jesus jejuou por 40 dias e noites e, logo após, diz-nos a Bíblia, que ele teve fome e não sede (Mateus 4:1-2).

B. Jejum Parcial: Este tem várias aplicações, e é caracterizado pelo que se come e pela frequência que se come. Significa abster-se de determinados alimentos e líquidos, ou de determinadas práticas. (I Co 7:5).

C. Jejum Completo: Conhecido também como total ou absoluto. Consiste na abstinência total de alimentos e líquidos. (At 9:9; Et 4:16).

Jejum no Antigo Testamento:

O jejum para os judeus tinha duração de 24 horas, ia de um pôr-do-sol a outro, mas muitos fizeram jejuns de vários dias. Inúmeros casos são relatados no Antigo Testamento, como o profeta Elias (I Rs 17:1-6), Mardoqueu e rainha Ester (Ester 4), rei Jeosafá (II Cr 20:3), profeta Daniel (Dn 1:8-17), etc.

Em todos os casos relatados, o jejum era acompanhado de oração e consagração, colocando diante de Deus os seus objetivos. Ficar sem comer não é jejuar, é apenas passar fome ou dieta! O jejum é uma forma de consagração para receber respostas, tomar decisões, e derrotar o inimigo.

Jejum no Novo Testamento:

O jejum não era uma prática comum apenas no Antigo Testamente, mas continuou no Novo Testamento, sendo o primeiro caso mencionado o do nosso Senhor Jesus Cristo, no deserto.

Ele praticou o jejum típico por 40 dias e noites (Mt 4:2). Pouco adiante, já durante seu ministério, Jesus foi interrogado pelos discípulos de João Batista acerca do jejum, e Cristo disse que naquele momento, enquanto ainda estava com eles, não era bom ficar com aparência triste, mas quando ele fosse para o céu, eles deveriam jejuar (Mc 2:18-20).

Em Atos 13, na primeira igreja apostólica cristã em Antioquia, os cristãos faziam jejuns acompanhados de orações. Assim, receberam a resposta de Deus sobre quem eles enviariam para missões. (At 13 1-3). 

Diversas outras passagens bíblicas Novo Testamento, relatam a pratica do jejum: At 27:33-37, II Co 6:5; 11:27, etc.

Como Jejuar:

Determine o tempo de duração e exponha para Deus o seu propósito. Logo ao iniciar, peça perdão pelos pecados cometidos (I Jo 1:8-9) e, na sequência, adore a Deus (Lc 2:37). Faça as orações pelos pedidos propostos, peça com fé e declare vitória sobre o pedido, medite na Palavra e termine sendo grato a Deus. 

O jejum é importante e útil para aqueles que guardam a Palavra de Deus e buscam vivê-la. Não se iluda, Deus não tem compromisso com quem não é compromissado com Ele.

Em Isaías 1, Deus reprova os sacrifícios, as festas, as orações e as reuniões, pois o povo fazia com a alma suja, ignorando o verdadeiro culto a Deus, e prostrando-se aos ídolos. No capítulo 58, eles fazem jejum como que “impondo, obrigando” a Deus o que queriam, exaltavam-se a si próprios, exatamente como faziam os fariseus na época de Jesus (Mt 23).

Mas Deus responde que não é este o jejum aceitável. Não é o sacrifício em si, realizado mecanicamente, capaz de substituir a base da vida cristã (oração, palavra, culto racional, testemunho, amor). Se não praticarmos a base, não adiantará jejuarmos.

“Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?” (Isaías 58:4-7).

A entrega do Jejum.

A entrega do jejum pode se tornar em pecado de glutonaria, se for feita sem domínio; pois se você quiser comer tudo o que não comeu quando estava em jejum, você estará pecando e não terá se abstido de tais alimentos ou líquidos. Se você ficou de 12 a 24 horas em jejum, seu estômago estará sensível, e precisará de algo leve. Depois de um espaço de tempo volte a sua alimentação normal, gradativamente, a fim de evitar problemas digestivos.

O jejum pode apresentar perigos de natureza física e mental, se for feito todo dia sem propósito ou controle. A vida cristã não se resume ao jejum. Antes de praticá-lo, ore, estude a Palavra e então comece a fazer de forma gradativa, com moderação. 

Quando planejar, coloque tudo diante de Deus, seus propósitos, seus horários. O jejum é uma necessidade do cristão de hoje, assim como foi no passado, mas utilize-o de forma prudente e controlada, lembrando-se de que mais importante é imitar a Cristo, pregando, ensinando, aprendendo, orando, amando.

Se já seguir os passos do Mestre, seu jejum terá um grande poder em sua vida espiritual.

Por Pastor Edgard Fialho Anacleto.
(Revista Semente Apostólica, Necessidades da Vida Cristã / I Trimestre de 1997)

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Vitrines

“Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hebreus 12:1-2).

        Em um mundo cheio de “não importa o que as pessoas pensam” e “toma conta da sua vida”, existe espaço para se falar de testemunho?

       É bem verdade que a mensagem do evangelho, principalmente nestes últimos dias, é um confronto direto às ideologias do mundo, então não devemos esperar aceitação do mundo. A própria Bíblia diz isso, em João 17:14, nas palavras de Jesus: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo”. E nas palavras de Paulo: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” (I Co. 1:18).

       Charles Spurgeon, um grande pregador do século XIX, perguntou: “Será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.

       A Bíblia diz que devemos ser pacientes com os que estão fracos na fé, “de maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12). Nossa salvação, assim como nossa responsabilidade pela nossa vida, é incontestavelmente individual.

      “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo” (Ec. 11:9).

      Sim, cada um é responsável pela própria vida. No entanto, como vivemos em sociedade, nossas ações e omissões interferem diretamente na vida de quem nos cerca, de forma que precisamos ser conscientemente responsáveis sobre a forma como afetamos e influenciamos outras vidas. Não apenas porque devemos “amar o próximo como a nós mesmos”, mas também porque este é o propósito de Deus.

       Em resposta ao versículo “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm. 8:31), o Rev. Augustus Nicodemos escreveu um livro chamado “E se Deus for contra nós?”. Veja o que a Bíblia diz sobre isso em Naum 3:5-6.

    “Eis que estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos, e te descobrirei na tua face, e às nações mostrarei a tua nudez e aos reinos, a tua vergonha. E lançarei sobre ti coisas abomináveis, e te envergonharei, e pôr-te-ei como espetáculo.”

     O texto de Naum conta a respeito da destruição de Nínive, uma cidade sanguinária, cheia de mentiras e roubo. Jonas já havia profetizado acerca de sua destruição, mas o povo se arrependeu, de forma que Deus lhes concedeu uma nova chance.  Esse versículo, no entanto, mostra que eles desperdiçaram essa chance, e retrocederam para os seus maus caminhos. Não apenas Deus os destruiu, como também fez deles um exemplo.

       Estamos vivendo uma geração que não acredita que Deus pode envergonhar alguém. Ele pode. É o mesmo Deus.

     “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha1, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos. Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mt 18:6-7).

        Se, como cristãos, não fazemos a diferença, o que fazemos?

     “Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” (Mt. 5:13)

     Mas, da mesma forma que Deus nos mostra exemplos negativos para que não os sigamos, Ele quer que sejamos bons exemplos para os que nos rodeiam. Jesus iniciou seu ministério com o milagre da transformação da água em vinho, no casamento em Caná da Galileia. Vinho simboliza alegria. Acabar o vinho na festa de casamento seria uma vergonha para os noivos, e representa o fim da alegria de um casal. Quando Jesus provê o vinho, ele restitui a alegria não apenas para os noivos, mas para todos os que estavam na festa.

     “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.” (Jo. 2:11).

        Quando Deus provê o vinho, é para ser colocado na vitrine. Não para que nos vangloriemos de nossa alegria, mas para que o Deus que nos proporcionou a alegria seja apresentado aos homens.

      Em Hebreus 12:14, somos orientados a viver uma vida de paz com o próximo e de santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor”. Normalmente, interpretamos o texto de forma que “se eu não me santificar, eu não verei a Deus”. Mas não apenas eu não verei o Senhor. Ninguém verá o Senhor! E é por isso que o texto fala primeiro de paz. Se eu tenho paz com as pessoas, elas me observam além de seus preconceitos. Se conseguir quebrar essa resistência, meu testemunho de uma vida santificada mostra o Senhor.

        Quando, em João 4, a mulher samaritana teve sua forma de viver questionada e transformada por Cristo, voltou à sua cidade contando aos homens o que havia acontecido. Os samaritanos, então, foram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse ali com eles, ao passo que Jesus ficou por dois dias. Por fim, disseram à mulher “Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.” (v. 42). No entanto, se não fosse pelo testemunho da mulher, eles não o teriam ouvido, porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos (v. 9).

        Nosso exemplo e testemunho abrem portas inimagináveis.

       Em II Reis 7, a Bíblia nos mostra a história de quatro leprosos que ficavam do lado de fora de uma cidade que estava passando por uma terrível fome. Em certo momento, foram até o arraial dos inimigos e o acharam vazio, pois o Senhor os tinha confundido e feito com que fugissem, deixando tudo para trás. Então os leprosos comeram, beberam, e pegaram para si todo tipo de riqueza, até que pensaram: “Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nos calamos” (v.9).

       Se de fato acreditamos que Jesus Cristo é a melhor coisa que nos aconteceu, se acreditamos que Ele faz toda a diferença em nossa vida, e guardamos esse tesouro para nós mesmos, não fazemos bem. Este dia é dia de boas-novas, e nos calamos.

     O que temos colocado nas nossas prateleiras? Está na hora de transformarmos nossa vida em uma vitrine que mostra a graça de Deus.

    “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mt. 5:16).

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1 Mó de azenha: pedra de moinho.

Por Josy Pereira Negrin.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Senhor, eu quero te amar para sempre!


Por que pessoas desanimadas são uma realidade tão comum nas nossas igrejas? Desânimo não é pecado e todos estão sujeitos a passar por momentos assim, mas por que isso acaba se tornando uma constante, se a Bíblia garante que “Far-me-ás ver as veredas da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmos 16:11)?

Talvez essa não seja a única causa, mas na maioria das vezes as pessoas simplesmente se esquecem do porquê de estarem onde estão, de fazerem o que fazem. Sabemos que Jesus Cristo morreu na cruz por nós, mas quantas vezes realmente paramos para pensar no que isso significa em termos práticos? Será que ainda conseguimos nos emocionar por tão grande amor? A mensagem do Evangelho já se tornou tão natural que a mecanizamos, e é exatamente aqui que mora o perigo.

Certa vez, me perguntaram o que eu fazia na obra de Deus. Brincando, respondi "Você quer a lista?", mas contei todas as minhas responsabilidades e cargos. Depois de ouvir, um pouco assustado, meu interlocutor perguntou, brincando: "E sobra tempo para Deus?". Essa pequena brincadeira me fez refletir por horas. Quantas vezes confundimos Deus com a igreja? Quantas vezes nos importamos mais com a obra do que com o Deus da obra? Por isso, eu te convido a relembrar: Por que você começou?

          Na carta aos Romanos, Paulo dá uma orientação quanto ao que devemos fazer: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2)

       Ao ler esse texto, geralmente nos fixamos nas orientações ou mesmo na recompensa. Mas não nos atentamos para a causa de tudo isso: a "compaixão de Deus". Nos capítulos anteriores, o apóstolo Paulo elucida muito claramente quais são essas misericórdias de Deus.

       No início da carta, Paulo explica como os gentios (os não-judeus) foram entregues “a uma disposição mental reprovável” (Romanos 1:28)Em seguida, inclui os judeus na reprovabilidade, ao afirmar que  “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa.” (Romanos 2:24). Se não há gentios aprovados, nem mesmo judeus aprovados, “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Mas graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, porque “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5:20)

          Mas o que é a graça? A grande maioria dos cristãos é capaz de responder que graça é um favor. Que favor é esse que Deus nos fez? Ora, uma série de coisas, dentre as quais: 

    1. Não há condenação! "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1)Mas CUIDADO! Isso não é uma autorização para pecar. Significa que agora existe uma chance de vida onde antes só havia juízo de morte;

    2. Somos guiados pelo Espírito Santo! "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós." (Romanos 8:9a)

    3. Somos filhos de Deus! "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Romanos 8:14)Isso mesmo, fomos adotados pelo Criador. Agora não somos apenas criaturas, mas também filhos; 

   4. Somos herdeiros de Deus! “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.” (Romanos 8:17);

   5. Temos a esperança da glória! "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados coma glória a ser revelada em nós." (Romanos 8:18).

          Em tudo isso consiste a graça de Deus, que veio a nós através do Verbo que se fez carne e habitou entre nós, Jesus. 

         Deus não pede que nos apresentemos em sacrifício vivo, santo e agradável por obrigação ou por religiosidade. Ele descreve tudo o que já fez por nós para deixar claro que Ele nos amou primeiro. Diferente do Antigo Testamento, onde para se apresentar diante de Deus era necessário um animal para o sacrifício e um sacerdote para mediar a oferta, agora Deus nos concede a honra e a responsabilidade de sermos o sacrifício e o sacerdote.

            O que dependia de Deus já foi feito. Jesus Cristo morreu na cruz para nos dar acesso ao Pai. Ele é o Caminho, a Porta aberta, o Mediador. Se nós podemos chegar ao trono da graça, que culto ofereceremos a Deus ali? Não importam as circunstâncias, seu relacionamento com Deus depende de você. Deus “não está longe de cada um de nós; pois nEle vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos 17:27-28).

Se você está se sentindo fraco espiritualmente, apenas pare de procurar culpados e faça alguma coisa. Todos nós precisamos de um ponto de ruptura na vida, onde podemos declarar que "estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8:38-39). 

Todos nós precisamos desse ponto de ruptura, onde sinceramente dizemos "Senhor, Tu me amaste primeiro e eu quero Te amar para sempre".

Por Josy Pereira Negrin.